Maria Aurora Pereira,
Assim era o seu nome, nome duma mulher forte, apesar de sempre doente, nome duma mulher que conseguiu ser mãe e pai numa época em que, ser mãe solteira era mais que mal visto.
Criou dois filhos, não foi fácil...
Amou e quis ser amada...
Foi amada: pelos filhos, pelas noras, pelos netos...
Eu também a amei mas, na altura em qu ela mais precisou de mim, não lhe dei a devida atenção.
Recordo-me de a ouvir chamar-me do meu quarto, onde ela dormiu algum tempo, e dizer-me que eu já não gostava dela porque já não a ia visitar.
Eu era criança...
Tinha escola e mil e uma coisas de crianças para fazer...
Avó, eu nunca te deixei de amar!
Amava brincar com os teus brincos que eram, recordo-me bem, pequeninas chaves que iam da maior à mais pequena.
Lembro-me, quando entrei para a escola primária, de andar atrás de ti para te ensinar a ler e a escrever.
Tenho saudades disso tudo Avó!
Queria tanto puder abraçar-te só mais uma vez, dizer-te que preciso de ti na minha vida, de te contar as coisas boas e desabafar as coisas más.
Porém, o hoje em que eu vivo, tu ja não fazes parte dele fisicamente...
Resta-me recordar-te com saudade.
Amo-te Avó
