quinta-feira, 8 de maio de 2008

Peregrinação

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Uma peregrinação (do latim per agros, isto é, pelos campos) é uma jornada realizada por um devoto de uma dada religião a um lugar considerado sagrado por essa mesma religião.
Por definição é isto que significa, porém para quem caminha mais de 200 quilometros para chegar a Fátima é muito mais...
O que leva tantas pessoas a fazer este caminho não são promessas insignificantes: grande parte faz este caminho não por si próprio mas sim por alguém próximo que teve ou tem um grave problema.
Mas esta caminhada até Fátima não é toda ela só dor e sacrifício! Pelo caminho encontram-se pessoas com bom coração que, apesar do clima de instabilidade que se verifica nos nossos tempos, ainda acolhem peregrinos sem suas casas sem os conhecer de lado nenhum.
Não são raros os automóveis que passam, apitam e desejam boa sorte porque sabem o que custa fisicamente fazer uma caminhada destas.
É necessário ter uma grande força a mover os peregrinos a pé mas, também os condutores de carros de apoio. Falo nisto porque já estive nas duas situações e, se tiver que ir novamente não pensarei duas vezes em ir a pé e não de carro de apoio.
A solidão é maior! O cansaço fisíco não é tanto, porém, o cansaço psicológico é forte. A preocupação pelo grupo que apoia é uma constante. O procurar lugar para parar de 500 em 500 metros torna-se difícil quando se vêem linhas contínuas e nada de bermas suficientemente largas para parar sem incomodar o trânsito.
O trabalho de um condutor de carro de apoio também depende do grupo que apoia. Torna-se complicado apoiar um grupo que se dispersa imenso uns dos outros porque se para de 500 em 500 metros e se dá conta que se o fizer os que vão à frente não recebem apoio. A escolha de quem apoiar dentro do grupo nestas situações envolve uma carga psicológica muito grande.
De repente, na parte do grupo que vai mais atrasada uma pessoa caí por terra. O carro de apoio é obrigado a deixar o grupo para acorrer ao hospital. Só já no hospital a parte do grupo que ia apressado descobre o resto do grupo parou. Culpam o carro de apoio de não os apoiar.
A questão coloca-se: a parte do grupo que ia mais atrasada levava já pessoas feridas, a parte do grupo que ia à frente ia bem porque senão andavam mais devagar. Se o carro de apoio fosse à frente onde estava a parte apressada do grupo, o carro de apoio não tinha acorrido à pessoa que caiu na parte do grupo que ia mais atrasada.
Ninguém pense que ir a Fátima a pé ou de carro de apoio é fácil. Porém os valores que levam as pessoas a estes sacrifícios são mais fortes que tudo o resto. Mesmo quanto o condutor do carro de apoio entra em delírio com a pressão. Não é uma situação assim tão rara, até é frequente. Deixam de saber onde estão, porque ali estão, para onde vão e até quem são...

Quando pensar ir a Fátima vá... mas leve consigo todas as forças que tem e acredite sempre que é capaz!

Um abraço para todos aqueles que enchem as estradas nas peregrinações.

Mãe, Pai continuem a realizar a vontade das pessoas em peregrinar.